Vassouras, maquinaria pesada, postos de distribuição de refeições quentes, sacos de guloseimas para crianças; companheirismo, apoio, solidariedade. Há pouco mais de um mês, a Comunidade Valenciana sofreu um duro golpe e os seus habitantes enfrentaram o desafio de recuperar casas, ruas e aldeias inteiras devastadas. A DANA deixou imagens difíceis de esquecer, mas também um enorme sentimento de orgulho e gratidão por todas as pessoas que ofereceram o seu tempo, conhecimento e esforço com o único objetivo de ajudar na reconstrução das zonas mais afetadas.
O admirável empenho e a onda de solidariedade que percorreram Espanha nestas semanas são o melhor exemplo para celebrar este Dia Internacional do Voluntariado que, este ano, nos recorda mais do que nunca o valor do trabalho em equipa e da generosidade.
Companheirismo e Voluntariado
Na Hinojosa, estas últimas semanas foram vividas com especial intensidade. As nossas raízes e muitos dos nossos centros estão localizados em Valência. Felizmente, a nossa equipa e aqueles mais próximos de nós não sofreram danos pessoais. No entanto, das nossas unidades, fomos testemunhas das consequências das inundações: ruas inundadas, famílias em situações vulneráveis e comunidades inteiras enfrentando desafios inesperados.
Mas, em meio ao caos e à incerteza, pessoas anónimas, trabalhadores agrícolas, organizações sem fins lucrativos e empresas uniram-se num esforço extraordinário para devolver a calma e reconstruir o que foi perdido.
Um exemplo desta solidariedade é Maite, colega da nossa unidade de Torrent e residente em Aldaia, ambas localidades afetadas. Apesar de a sua casa não ter sofrido muitos danos durante as inundações, perdeu o carro e muitas recordações de uma vida inteira que guardava na arrecadação, completamente inundada.
“Ver tantas pessoas a deixarem de lado o seu tempo pessoal para ajudar quem precisasse foi comovente. Mesmo aqueles que tinham perdido o carro ou muitas das suas recordações queriam ajudar os vizinhos que estavam numa situação pior. A nossa prioridade era limpar as casas para que todos pudessem regressar aos seus lares o mais depressa possível”, partilha Maite, que também participou ativamente nas tarefas de limpeza.
Outro membro da equipa, Mohamed, também sublinha a importância da ajuda mútua: “A reação dos colegas faz-te sentir que não estás sozinho. Agora partilhamos carro para vir trabalhar, e até vi colegas a oferecerem as suas casas àqueles que ainda não podiam regressar às suas. Acho que todos nos sentimos muito orgulhosos da rede de apoio que se criou.”
Enquanto a equipa se dedicava às tarefas de limpeza e à ajuda aos colegas afetados, a empresa geria recursos para mitigar o impacto nas comunidades. Várias unidades da Hinojosa concentraram os seus esforços na produção de mais de 60.000 unidades de caixas e embalagens alimentares, que foram enviadas para centros de recolha em diferentes municípios.
Chefs e agricultores: uma ajuda essencial para recuperar a normalidade
Em situações extremas como esta, os setores mais essenciais voltam a ganhar a importância que muitas vezes esquecemos. Por exemplo, os agricultores, um dos principais pilares da economia local, não demoraram a organizar-se e utilizar toda a maquinaria disponível para ajudar a recuperar a normalidade. Tratores e escavadoras foram cruciais para limpar ruas, mover veículos presos e retirar toneladas de lama. Esta mobilização evidenciou não só a capacidade do setor para agir rapidamente, mas também o seu profundo vínculo com a comunidade.
No meio das tarefas físicas mais difíceis, chefs, restaurantes e estabelecimentos de comida preparada fizeram o que sabem fazer melhor: oferecer conforto através das suas refeições. Refeições quentes chegaram às mãos dos voluntários e das famílias afetadas, tornando-se um símbolo de cuidado e humanidade. Esta ação trouxe um alívio emocional a quem trabalhava incansavelmente.
«Foi emocionante ver como se uniram desde a cozinha até ao campo. Os chefs fizeram um trabalho notável; poder comer uma refeição quente quando ainda não se tem água ou luz em casa é quase um luxo e ajuda-nos a continuar com todo o trabalho que ainda há para fazer», comenta Maite.
O poder transformador do trabalho em equipa
A DANA testou comunidades inteiras, mas também deixou um legado de união e solidariedade que transcende a adversidade. A colaboração de estudantes, profissionais (agricultores, arquitetos, psicólogos, professores, chefs…), empresas e todo o tipo de organizações demonstra que, quando trabalhamos juntos, não só reconstruímos o que foi perdido, como também reforçamos a esperança num futuro melhor.
Na Hinojosa, acreditamos que este espírito de cooperação deve ser uma constante, não apenas uma resposta a crises. Porque, como vimos, o poder transformador do trabalho em equipa não tem limites.
