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A sociedade (e a indústria) em busca do resíduo zero 

Imagen de Grupo Hinojosa PT
Por Hinojosa Editor
11 de julio de 2023

Minimizar os resíduos gerados pelos nossos estilos de vida e decisões de compra é uma preocupação cada vez mais comum. Esta é a principal motivação dos movimentos internacionais zero waste (resíduo zero), cujos apoiantes estão empenhados em colocar o ecodesign, a sustentabilidade ambiental, a reciclagem e a reutilização de materiais no centro das atenções.

Sábado de manhã. Vai às compras e enche o seu carrinho com tudo o que vai consumir nas próximas semanas. Quanto espaço ocupam esses produtos e quanto espaço ocupam as caixas, sacos ou embalagens que os envolvem? Quantos deles vão parar diretamente ao lixo, ou, com sorte, a um contentor de reciclagem, depois de terem cumprido a sua função? 

Este simples exercício de observação é suficiente para nos alertar para um problema fundamental que há anos preocupa as pessoas mais ou menos conscientes do ponto de vista ambiental: as embalagens, mais concretamente, o seu excesso e a falta de sustentabilidade dos materiais de que são feitas. Para quantificar o problema, de acordo com um relatório do ING, todos os anos são utilizadas mais de 8,2 milhões de toneladas de plástico em embalagens de alimentos na Europa. Por outras palavras, metade do plástico de embalagens em todo o continente é utilizado no setor alimentar.  

Perante esta realidade, foram lançados, há algum tempo, vários movimentos para sensibilizar a sociedade para a importância de colocar a tónica no primeiro dos três erres da reciclagem: reduzir. Assim, surgiram vários movimentos e iniciativas de zero waste, que defendem a minimização das embalagens, optando por produtos a granel ou sem embalagem – por exemplo, champôs sólidos no caso dos cosméticos – ou formatos recarregáveis. Quando a embalagem é inevitável, procuram garantir que é feita de materiais tão respeitadores do ambiente quanto possível e que o seu processo de reciclagem é rastreável.  

30% dos consumidores estariam dispostos a pagar mais por um packaging sustentável quando fazem compras online 

Para além de se preocuparem com estas questões, cada vez mais consumidores incluem todos estes critérios nas suas decisões de compra. Uma das grandes preocupações deste movimento é o destino de todas estas embalagens após o fim da vida útil dos produtos, um aspeto para o qual existe uma consciência social crescente. De facto, de acordo com um relatório da AECOC, uma das maiores associações empresariais espanholas, 30% dos consumidores estariam dispostos a pagar mais por um packaging mais sustentável nas suas compras online. Além disso, 7 em cada 10 inquiridos querem que as suas compras online sejam fornecidas em embalagens com um impacto ambiental mínimo.  

Uma indústria (e uma legislação) mais verde 

Este impulso dos cidadãos está, por sua vez, a provocar uma reação por parte das administrações públicas que, para não ficarem para trás, promoveram nos últimos anos alterações regulamentares de grande alcance. Um bom exemplo é a Lei dos Resíduos e dos Solos Contaminados para uma Economia Circular, aprovada no ano passado para incorporar os requisitos legislativos europeus. Para implementar esta legislação, foi promulgado o Real Decreto 1055/22 em dezembro de 2022 que, entre outras medidas, pôs em vigor em 2023 um polémico imposto especial de 45 cêntimos por quilograma de embalagens de plástico não reutilizáveis. 

O objetivo deste tipo de medidas não é outro senão estimular uma mudança de modelo para acabar com invólucros e embalagens de utilização única, que geram um enorme impacto ambiental e que, apesar da crescente sensibilização e pressão legal, continuam a aumentar. Segundo dados da Fundação Minderoo, em 2021 foram consumidos 139 milhões de toneladas de plásticos de utilização única, maioritariamente de origem fóssil, ultrapassando 133 milhões de toneladas em 2019.  

Enfrentar este problema implica optar por outros materiais mais facilmente recicláveis e, ao mesmo tempo, com um impacto ambiental muito menor. Promover este tipo de alternativas é precisamente a razão de ser da Hinojosa, uma empresa líder no desenho e fabrico de soluções de packaging sustentáveis com mais de 75 anos de história.   

«O nosso modelo baseia-se nos princípios da economia circular, segundo os quais muitos dos materiais que consideramos resíduos são, na realidade, recursos de elevado valor que podem ser reintroduzidos na cadeia de produção. A ideia é imitar os processos da natureza, porque na natureza não existe desperdício. Cada elemento tem sempre uma função importante«, explica Pilar Lucena, responsável de Sustentabilidade da empresa. 

No caso de certas matérias-primas, esta reutilização é particularmente simples e ecoeficiente. É o caso do cartão, um material em que a Hinojosa está firmemente empenhada e que é uma das grandes alternativas dentro da indústria. Outros especialistas e académicos, como Manuel Maqueda, conhecido por ser o primeiro especialista em contaminação por plásticos que ensina Economia Circular e Regenerativa em Harvard, também são a favor. «Se me pedirem para comparar qual é o melhor material na economia circular para a embalagem, o cartão ou o plástico, para mim é muito claro que é o cartão. Em primeiro lugar, é uma matéria-prima renovável e cada vez mais bem gerida. Ao contrário do plástico, que é feito a partir de hidrocarbonetos, um material limitado, tóxico e com problemas crescentes na sua cadeia de abastecimento», explica num vídeo publicado na página web da AFCO (Asociación Española de Fabricantes de Envases y Embalajes de Cartón Ondulado). 

Outro aspeto é o próprio produto. «O cartão é mais saudável do que o plástico. Todo o ciclo de vida do fabrico do plástico gera mais toxicidade do que o cartão. E depois há o fim de vida. E é aqui que o cartão se destaca claramente. Se o fim de vida, por qualquer razão, for no meio-ambiente, o que não queremos, mas acontece, o cartão vai ser biodegradável», continua o especialista.  

O fator da reciclabilidade também entra em jogo, o que permite dar uma nova vida às embalagens. «O cartão pode ser reciclado num ciclo fechado um grande número de vezes, e isto está a aumentar constantemente, porque a tecnologia também está a melhorar cada vez mais», conclui Maqueda. 

Pilar Lucena (Hinojosa): «Não se trata apenas de recuperar os resíduos ou de trabalhar na reciclagem das embalagens. Temos também de estabelecer uma aliança com os consumidores finais». 

No caso da Hinojosa, a tecnologia esteve sempre no centro do desenvolvimento e da inovação a que Maqueda alude. Foi a primeira empresa do setor do packaging a receber o selo ‘Residuo Cero’ da AENOR, uma certificação atribuída às organizações que recuperam mais de 90% dos seus resíduos. Até à data, duas fábricas do grupo obtiveram-no: a unidade de produção de Alquería de Aznar, que atualmente recupera 98,86% do total dos seus resíduos de produção; e a unidade de Xàtiva, que recupera 99,97%. «Esperamos que a estas duas fábricas se juntem, este ano, mais três fábricas do grupo», explica o seu diretor de sustentabilidade.  

Lucena insiste que, para «fechar o círculo» – ou seja, para permitir reintroduzir e reutilizar o cartão em novos processos de produção o maior número de vezes possível – o papel dos próprios consumidores vai ser fundamental. «Não se trata apenas de recuperar os resíduos ou de trabalhar na reciclagem das embalagens. Temos também de estabelecer uma aliança com os consumidores finais. Quanto mais eles colaborarem connosco em questões como a recolha correta das embalagens depois de usadas, mais conseguiremos avançar para o nosso objetivo», conclui. 

O caminho para chegar ao zero waste passa, em suma, pelo envolvimento e união de todas as partes: uma cidadania consciente e mobilizada; empresas com valores e focadas na sustentabilidade e, claro, o poder público, enquanto responsável por garantir o bem-estar coletivo.  

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